Conexões Sonoras 2, blog

Conexões Sonoras 2 é uma mostra de artes que centra seu foco na confluência da música experimental com outras práticas artísticas. O evento partiu do convite e encomenda de cinco trabalhos criados especialmente para a mostra por meio da parceria entre jovens artistas de formações e carreiras distintas, tais como música, artes visuais, artes cênicas, dança e poesia. A tônica dos trabalhos está na experiência com o sonoro nas mais diversas acepções, suscitando conexões inusitadas. As parcerias entre os artistas e seus respectivos trabalhos são: Sergio Bonilha e Luciana Ohira com a instalação agenciamento “Corso”, Alexandre Fenerich, Giuliano Obici e Gab Marcondes com a instalação interativa “Atemporal”, Andreia Yonashiro, Henrique Iwao, Marcelo Muniz e Mário Del Nunzio com a (poli)obra performática “Trio”, o grupo Sociedade Baderna de Teatro e outros Atentados com o teatro musical “deCapitu” e Felipe Ribeiro e equipe com a performance acontecimento “Ovo”. Em sua segunda edição, a mostra promovida pelo Ibrasotope mantém seu propósito de estimular a criação e circulação de trabalhos inéditos e de propiciar o intercâmbio entre processos criativos.

Experimentalismo e rigor, imersão e agenciamento, interatividade e diversidade de concepções estéticas são a tônica dessa segunda edição, contando com instalações sonoras e performances envolvendo video-poema, dança multimídia, teatro musical, abstracionismo sonoro e interatividade. Mais que meramente ilustrativo, o intercâmbio entre artistas, práticas e ideologias tão distintas se configura nessa mostra como o agente que traz movimento, adiciona complexidade ao debate musical e transforma instabilidade em proposição, novidade, em mudança. Conexões sonoras 2 nasce de um elemento: o som, esse ente que vibra, emana, propaga, comunica e goza de uma liberdade associativa notável. São nessas conexões que os trabalhos se inserem, vão além do universo da música, se apresentando como proposições na tentativa de experimentar caminhos poéticos e estabelecer com o público conexões, troca.


 “Atemporal”, MIS, 08/06/11. Foto: Lílian Campesato
Os trabalhos são ainda instrumentos de produção de ações, como no caso do módulo “Corso” de Sergio Bonilha e Luciana Ohira que funciona como estúdio fonográfico ‘amador’, aberto ao público agente, ou instrumentos de produção de experiências, como no acontecimento “Ovo” de Felipe Ribeiro, no qual o público entra num ambiente sinestésico imersivo, ou ainda instrumentos de produção de metáforas sonoras como no caso da instalação interativa “Atemporal” de Alexandre Fenerich, Gab Marcondes e Giuliano Obici. Outros trabalhos funcionam como proposições do jogo entre estrutura, conceito e experimento, como no caso da obra em três camadas independentes e que são apresentadas simultaneamente “Trio” de Andreia Yonashiro, Henrique Iwao, Marcelo Muniz e Mário Del Nunzio, ou no caso da obra “deCapitu” do coletivo Sociedade Baderna de Teatro e outros Atentados em que a análise do texto de Machado de Assis, a observação e crítica da sociabilidade brasileira e experimentação vocal das atrizes vai produzir um estudo dramático-musical.

Dessa maneira, Conexões Sonoras 2 pretende levantar uma reflexão acerca da música, seus campos de inscrição e de intervenção, seus suportes, seu estatuto a partir da diferença entre os formatos e posturas estéticas: do objeto que agencia, sugestiona à performance inscrita em uma temporalidade.

Cada qual à sua maneira e história, os trabalhos percorrem uma tentativa de interrogar, descrever analisar e executar a condição sonora e seus modos de operação. Mas o que certamente mais importa é que ao serem colocados juntos, ocupando um mesmo espaço, trocando experiências e processos criativos, visões de arte, de música e de mundo, os artistas deixem transparecer em suas propostas excertos daquilo que tem movido a música e a arte em um mundo pós-histórico.

texto por: Lílian Campesato.

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