A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero, a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério: lugares, nomes,
a escala subsequente da viagem não feita. Nada disso é sério.
a escala subsequente da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. Um império que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
Mesmo perder você (a voz, o ar etéreo, que eu amo) não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser um mistério
Mesmo perder você (a voz, o ar etéreo, que eu amo) não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça muito sério.
(Programa Provocações, Antonio Abujamra, 15/03/2011)
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