Some Instrumental Pieces for Guitar & Other Instruments, George Christian

"Some Instrumental Pieces for Guitar & Other Instruments" é um álbum que tenciona dois objetivos: primeiro, o de ser uma compilação de trabalhos instrumentais feitos por George Christian entre os anos de 2010 e 2011, em gravações esporádicas, mas de muita intensidade; segundo, o de ser lançado por um selo virtual brasileiro, a Boolean Records, após três álbuns lançados em selos estrangeiros, "Às Vezes Sempre" (Stomoxine Records, 2010), "Prelúdio Tardio" (Deep White Sound, 2011), "Three Dimensions of Unrecognizement and Other Unknown Reaches" (Itsu Jitsu, 2011).

É um dado particularmente importante para o compositor o fato deste ser o seu primeiro álbum totalmente brasileiro pois, além de ter um lançamento nacional e internacional, ele traz elementos musicais que só poderiam ser, antes de mais nada, brasileiros em seu repertório – embora, em sua essência, sua música almeje a universalidade. É simbolicamente um recomeço musical, pois começa de onde o seu primeiro álbum começou: o violão. A foto da capa foi tirada no mesmo dia da foto que ilustrou "Às Vezes Sempre".

Os ouvintes que acompanham seu trabalho desde o início poderão notar o amadurecimento técnico, tanto na gravação quanto no empenho instrumental. O resultado é um misto de improvisação e composição convivendo na mesma peça – e no fundo, tudo é meio para se fazer música. As peças foram cuidadosamente pensadas para que a criatividade espontânea estivesse sobre balizas de solidez de propósitos composicionais. As peças para violão utilizam afinações diferentes umas das outras, que dão ao álbum um sabor distinto em sua inteireza.

É um álbum também especialmente brasileiro por contar com a participação do músico paulista bruno nobru. Onde ele colaborou em duas peças: "se fazendo em corpo" (cuja ideia original é dele) e "noites telegráficas" (criação original de George Christian). São dois amálgamas distintos. Bruno trouxe consigo sua extensiva experiência com a música experimental em ambas as gravações, utilizando um instrumento marcadamente brasileiro: a viola caipira. Ela é tocada em sua simplicidade direta e sem muitos artifícios na primeira e ressoada por camadas de delay na segunda. São dois extremos distintos, e uma ponte importante para o álbum, da pura expressão à miríade de camadas acústicas.

George Christian sente-se particularmente feliz de poder contar com parcerias brasileiras, mesmo que ambientadas em diferentes estados do país. Entretanto, sendo parte de um momento histórico em que ser brasileiro ou de qualquer outro país importa sob um determinado ângulo e não é de muita importância quando o assunto é fazer música – instrumental, sobretudo, pois estamos numa condição política de mundialização. Alguns títulos das peças musicais e o título do álbum podem estar entre o inglês e o português – por forças de sonoridades de ambas as línguas, mas todas elas carregam a marca do inefável sonoro como língua primordial.

Este álbum traz a marca do descompromisso conceitual desde o seu título, que quer remeter a seu próprio conjunto musical. Mesmo que a sonoridade geral traga a mestiçagem sonora e a assimilação de informações estrangeiras em cada peça, engendradas de modo espontâneo e sem compromissos semióticos de ordem mais forçosamente construída, sua condição final é a da anarquia cigana e a da liberdade pássara; a de ser do mundo mais prioritariamente do que a de ser pátrio ou mátrio. Enfim, eis o convite para que o ouvinte se aventure nestas humildes peças.

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